9/30/2005

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[Frame from "Casablanca"]

Todas as formas conhecidas experimentei e nenhuma resultou. Anulo-me. Escutei. Segui direcções várias. De nada valeu o que me disseram. De nada serviu olhar para o lado quando a memória me faz olhar para trás. Rendo-me? Continuo a lutar? Procuro respostas já sem vontade de as encontrar. (Oldmirror)
Esta manhã comecei a esquecer-me de ti.
Acordei mais cedo que nos outros dias
e com o mesmo sono.
A tua boca dizia-me "bom dia" mas não:
não o teu corpo todo como nos outros dias.
As sombras por aqui são lentas e hoje não
comprei o jornal: o mundo que se ocupe da
sua própria melancolia.
Ontem. Há uma semana. Há muitos meses.
Um ano ensina ao coração o novo ofício:
a vida toda eu hei-de esquecer-me de ti.

-Rui Costa

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9/29/2005

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[Fotos of Kazuo Ohno by Oldmirror]

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Some people get up at the break of day
Gotta go to work before it gets too late
Sitting in a car and driving down the road
It ain't the way it has to be
But that's what you do to earn your daily wage
That's the kind of world that we're living in today
Isn't where you wanna be
And isn't what you wanna do
Just give me one more day (one more day)
Give me another night (just another night)
I need a second chance (second chance)
This time I'll get it right (This time I'll get it right)
I'll say it one last time (one last time)
I've got to let you know (I've got to let you know)
I've got to change your mind (I've got to change your mind)
I'll never let you go
You've got to look at life the way it oughta be
Looking at the stars from underneath the tree
There's a world inside and a world out there
With that on tv you just don't care
They've got violence, wars and killing too
All shrunk down in a two-foot tube
But out there the world is a beautiful place
With mountains, lakes and the human race
And this is where I wanna be
And this is what I wanna do
Just give me one more day (one more day)
Give me another night (just another night)
I need a second chance (second chance)
This time I'll get it right (This time I'll get it right)
I'll say it one last time (one last time)
I've got to let you know (I've got to let you know)
I've got to change your mind (change your mind)
I'll never let you go Just give me one more chance (one more chance)
Give me another night (just another night)
With just one more day (one more day)
Maybe we'll get it right (You know I'll get it right)
I'll say it one last time (one last time)
I've got to let you know (I've got to let you know)
If I could change your mind (change your mind)
I'll never let you go

- New Order (Krafty)

9/28/2005

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E agora órfão de nós, de mim, de ti, fá-lo-ia de novo. Voltaria a entregar a vida que resta por um minuto de olhares trocados entre o castanho de Outono e o verde da Privavera. Mas deixo-me ficar aqui, seguro pelas redes, tranquilo pela ausência. (Oldmirror)

Usámos a dois: estações do ano, livros e uma música.
As chaves, as taças de chá, o cesto do pão, lençóis de linho e uma cama.
Um enxoval de palavras, de gestos, trazidos, utilizados, gastos.
Cumprimos o regulamento de um prédio. Dissémos. Fizémos. E
estendemos sempre a mão.
Apaixonei-me por invernos, por um septeto vienense e por
verões.
Por mapas, por um ninho de montanha, uma praia e uma cama.
Ritualizei datas, declarei promessas irrevogáveis, idolatrei o
indefinido e senti devoção perante um nada.
De olhar o mar nasceu a minha pintura inesgotável.
Da varanda podia saudar os povos, meus vizinhos.
Ao fogo da lareira, em segurança, o meu cabelo tinha a sua cor mais intensa.
A campainha da porta era o alarme da minha alegria.
Não te perdi a ti,
perdi o mundo.

- Ingeborg Bachmann

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9/26/2005

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Ter dúvidas. Procurar os porquês. Viver com a angústia de que morremos sem que nos explicassem os motivos de termos sido os escolhidos. Entregas. Cobranças. Trocas. (Oldmirror)

Don’t know why,
I guess why,
I don’t know why, because you never really told me
Don’t know why,
I guess why,
yes I know why, because I’ve spend my all life to know you,
Why do you feel bad now that I’m loving you?
Goodbye…
it’s not the time to put me inside of you, outside of you,
and love will be the same…
- The Gift

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9/22/2005

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[Foto by WIlfried Danner]

Como o mar, vou e volto. Agito-me e tranquilizo-me. Como o mar, sou salgado. Frio e tempestuoso. Como o mar, procuro a minha praia de areias brancas mas tenho encontrado só rochedos bem maiores que o que trago dentro do peito. (Oldmirror)

Todo o santo dia bateram à porta.
Não abri, não me apetecia ver pessoas, ninguém.
Escrevi muito, de tarde e pela noite dentro.
Curiosamente, hoje, ouve-se o mar como se estivesse dentro de casa.
O vento deve estar de feição.
A ressonância das vagas contra os rochedos sobressalta-me.
Desconfio que se disser mar em voz alta, o mar entra pela janela.
Sou um homem priveligiado, ouço o mar ao entardecer, que mais posso desejar?
E no entanto, não estou alegre nem apaixonado, nem me parece que esteja feliz.
Escrevo com um único fim: salvar o dia.
- Al Berto

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9/20/2005

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[Foto by Nan Goldin]

E tu, como me amas? Amas? Que poema vês quando olhas para mim para além da prosa? Que livro sublinhas sempre que te abro o coração? E tu, com que olhos me olhas? (Oldmirror)

Talvez seja possível amar um homem por causa de um livro, de um poema de Stevenson, «my house, they say», dos olhos de uma mulher quando fala dele, da forma como o seu cão o espera.
- Ana Teresa Pereira

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9/19/2005

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Elogio ao amor


[Foto by Nan Goldin]

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio,não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não sepercebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

- Miguel Esteves Cardoso

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[Foto by Oldmirror]

Que entendo eu de corpos. Que entendo eu de amor. Que entendo eu de poesia, de medicina ou de palcos. Que entendo eu de ti. E de mim. (Oldmirror)

Se o amor é questão de corpo, há que conhecer intimamente esta ferramenta - por outras palavras, ler os anatomistas e não os poetas, frequentar as clínicas e não os teatros.
- Miklós Szentkuthy

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Sentes aí o amor que eu sinto aqui; dentro? (Oldmirror)

Talvez seja possível amar uma mulher por causa de um livro, de um poema sublinhado, de um filme a preto e branco, de uma casa, do olhar de um homem quando fala dela, da forma como o seu cão a espera. Da reprodução de um Mondrian na parede da sala.
- Ana Teresa Pereira

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9/15/2005

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Espero sem me mexer que regresses. Espero sem me mexer porque se o fizer poderemos desencontrar-nos. Parei, não esboço sequer um movimento. Parei de viver, de avançar. Não quero, por momentos sequer, tirar os olhos da porta por onde ainda insisto que entrarás um dia, usando as chaves que nunca chegaste a entregar. (Oldmirror)

Quero acreditar que já não estarias em casa por alturas em que cheguei mas não sei dizer. A verdade é que não te procurei. Mais uma vez. Penso que fiz as coisas do costume, penso hoje quando penso nisso que fiz as coisas do costume, terei deixado o sobertudo ao acaso, abri o frigorífico fechei abri uma outra vez, sem saber bem o que procuro, acontece-me quase sempre.As coisas do costume. Vagueei sem saber bem, o sobertudo alguém há-de arrumar, tu tratas disso. Do frigorífico abro fecho abro outra vez, quero pouco, não sei que quero, deixei de beber, prometi-te acho que te prometi, não sei que beba.
- Rodrigo Guedes de Carvalho

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9/14/2005

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Teríamos, se quisesses, tempo para tudo. Tempo para ter tempo. Tempo para caminhar sem que as ruas se tornassem num penoso deserto que teremos que atravessar. Tempo para partilhar o suor que a vida nos provoca. Eu tenho tempo e pouco mais. (Oldmirror)

Onde vamos nós, Walt Whitman?
As portas fecham daquia uma hora.
Em que direcção aponta a tua barba esta noite?
(toco o teu livro e sonho com a nossa odisseia no supermercado e sinto-me absurdo.)Caminharemos toda a noite por ruas solitárias?
As árvores juntam sombra a sombras,
luzes apagadas nas casas, estaremos ambos solitários.
- Allen Ginsberg

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9/09/2005

23


[Foto by Oldmirror]

Sem vontade de morrer. Com vontade de parar. Levantas-te e sacodes as cinzas e as poeiras e partes, uma vez mais, para a vida. Voltarás a morrer. Voltarás a renascer. Voltarás a repetir tudo as vezes que forem precisas até que um dia não te apeteça mais. Mas o momento não chegou. (Oldmirror)

Aqui, de novo, morre-se muito mal.
- Manuel de Freitas

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9/07/2005

22


[Foto by Marcus Carlson]

Como ervas daninhas vou procurando avidamente a terra que me receba, a água que me alimente o sol que me ajude a crescer. Plantei-me em ti e cresci. Provavelmente, roubei-te o que tinhas e o que não tinhas. Sequei-te. Secaste-me. Agora, murcho, não crescerei mais. Não há campo onde o possa fazer. Não há vaso que me ofereça a terra que procuro. A terra onde, como semente, me aconchegaria até poder, de novo, procurar o sol. (Oldmirror)

Acima de tudo não me plantes no teu coração.
Eu cresceria demasiado depressa.
- Rilke

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9/05/2005

21


[Foto by Oldmirror]

Fico-me por aqui. Escondo-me no escuro de paredes cansadas. Revejo-me na tinta que já não se lembra de que cor foi. Abraço os joelhos. Encosto o queixo aos joelhos. Baixo os olhos. Deixo-me ficar. Deixo que caiam...os sonhos, as lágrimas, os desejos. Espreito a claridade de longe. Não a assusto. Não me assusto. (Oldmirror)

I'm walking through streets that are dead
Walking, walking with you in my head
My feet are so tired, my brain is so wired
And the clouds are weeping
Did I hear someone tell a lie?
Did I hear someone's distant cry?
I spoke like a child; you destroyed me with a smile
While I was sleeping
I'm sick of love but I'm in the thick of it
This kind of love I'm so sick of itI see,
I see lovers in the meadow
I see, I see silhouettes in the window
I watch them 'til they're gone and they leave me hanging on
To a shadowI'm sick of love;
I hear the clock tick
This kind of love;
I'm love sick
Sometimes the silence can be like the thunder
Sometimes I wanna take to the road and plunder
Could you ever be true?
I think of you
And I wonder
I'm sick of love;
I wish I'd never met you
I'm sick of love;
I'm trying to forget you
Just don't know what to do
I'd give anything to Be with you
- Bob Dylan

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Precisava de descansar. Precisava de parar. Não consigo. Quem o consegue? Precisava de viver. Apenas. Sem mais. Apenas. Gostava de lá chegar. Queria morrer de sorriso nos lábios. Um sorriso descansado. Não um sorriso de quem morreu à procura. Pelo menos isso. (Oldmirror)

Procurar-te-ei até te encontrar.
Mesmo que só te encontre em corpos.
Onde tu não estás.
- Herberto Hélder

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9/01/2005

19



Procuro caminhos. Procuro a direcção desconhecida, por mim, por todos. Faço quilómetros sozinho. Molho-me, seco-me, firo-me, curo-me e sigo. Procuro sabendo que morrerei sem encontrar, mas sigo os sinais, não sei se chego. (Oldmirror)

It was me on that road
But you couldn´t see me
Too many lights out, but nowhere near here
It was me on that road
Still you couldn't see me
and then flashlights and explosions
Roads are getting nearer
We cover distance but not together
I am the storm, I am the wonder
And the flashlights, nightmares
And sudden explosions
I don't know what more to ask for
I was given just one wish
It's about you and the sun
A morning run
The story of my maker
What I have and what I ache for
I've got a golden ear
I cut and I spear
And what else is there?
Roads are getting nearer
We cover distance, still not together
If I am the storm, if I am the wonder
Will I have flashlights, nightmares
And sudden explosion
There's no room where
I can go and You've got secrets too
I don't know what more to ask for
I was given just one wish
- Röyksop, What Else Is There?

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