[Foto de Oldmirror]Porque me foram oferecidos os teus sentimentos. Porque se os sentes assim, também eu os sinto. (Oldmirror)I."É como se tivesses mãos ou garrasmilhões de dedos braços infinitosÉ como se tivesses também asaslibertas do minério dos sentidosÉ como se nos píncaros pairassesquando nas nossas veias é que vivesÉ como se te abrisses - ó terraçorodeado de abutres e raízes -sobre o perene pânico dos astrossobre a constante insónia dos abismosE é como se te abrisses e fechassessobre a antepalavra do EspíritoÉ como se morresses quando nascesÉ como se nascesses quando expirasII.Ó claridade Ó vaga Ó luz Ó ventoque no sangue desvendas labirintosÓ varanda no mar sempre SetembroÓ dourada manhã sempre DomingoÓ sereia nas dunas irrompendocom as dunas e o mar se confundindoÓ corpo de desperta adolescentejá no centro de incógnitos caminhosque por fora te aceitas e por dentropões em dúvida o sol do teu fascínioÓ dúvida que avanças mas por entrevolutas de pavor que vais cingindoÓ altas labaredas Ó incêndioÓ Musa a renascer das próprias cinzas III.Só tu a cada instante nos declarasque renegas a voz de quem divideQue a única verdade é haver almasterrível impostura haver paísesQue tanto tens das aves o desgarrecomo o expectante frémito do tigretanto o céu indiviso que há nas águasquanto o múltiplo fogo que há no trigoQue és igual e diversa em toda a parteQue és do próprio Universo o que o sublimaQue nasces que te apagas que renascesem procura da límpida medidaQue reges o mais puro e o mais altodo que Deus concedeu às nossas vidas"- David Mourão FerreiraEtiquetas: David Mourão Ferreira