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O tempo que corra que para mim já pouco importa. A vida que se agite que já não me contagia. Prefiro ficar. Prefiro ver passar. Prefiro estar. Inventei um tempo meu para deixar de ser escravo do tempo dos outros. Olho-os sem interesse. Vejo-os, vejo-os apenas. Espero, pouco mais. (Oldmirror)
— a Morte de que eu falo —
não é a que segue logo a tua queda,
mas precede a tua aparição no fio.
Antes de subir é que morres.
O que dança já está morto
— decidido a todas as belezas, capaz de todas elas.
Quando apareces, vai uma palidez
— não, não estou a falar de medo mas do contrário,
de uma invencível audácia —
vai uma palidez cobrir-te de cima a baixo.
Apesar da pintura e das lantejoulas
serás pálido e de alma lívida.
E nessa altura
é que a tua precisão será perfeita.
Sem mais nada que te prenda ao chão,
podes dançar sem cair.
Mas trata de morrer antes de apareceres,
e seja um morto,
já,
a dançar no fio.
- Jean Genet
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